Gabriela, ‘A heroína mulata’ ou Gabriela 'A mulata' ?
Summary
No fim do Bacharelato em Língua e Cultura Portuguesa do Departamento de Estudos Portugueses da Universidade de Utreque é nos proposta uma tese no âmbito de uma das disciplinas lecionadas no curso. Interliguei a minha tese com o tema principal do curso Literatura do Brasil: o género (gender). A disciplina abordava o tema género, particularmente a posição das mulheres na Literatura Brasileira. Um dos romances que estudei na disciplina de Literatura do Brasil foi uma das obras do famoso escritor brasileiro Jorge Amado: Gabriela, cravo e canela. Esta tese aborda o tema género, particularmente o papel/posição da personagem principal do romance, Gabriela. O romance foi escrito num período de transformação, em que o Brasíl estava em desenvolvimento político, económico e social. O romance caracteriza não só este período do início do século XX mas, também a posição das mulheres no Brasíl, principalmente a da mulher mulata. Nesta tese coloco em causa se Gabriela é a ‘heroína mulata’, ou se é simplesmente um exemplo do estereótipo mulher mulata. A heroína mulata sendo alguém que ultrapassa um desenvolvimento pessoal pela própria ação, o estereótipo mulher mulata sendo o mito/objecto sexual. Segundo a teoria de Angela Gilliam, Onik’a Gilliam e Kia Lilli Caldwell que é apresentada nesta tese: a mulher mulata, mito sexual, é idealizada pelo masculino no sentido de sensualidade e sexualidade e isso faz parte da construção da identidade social da mulher mulata. Este conceito demonstra que há uma relação entre o género, a cor da pele e a sexualidade. Esta associação é demonstrada na personagem de Gabriela. A pergunta que fica pendente nesta tese é se Jorge Amado não se atreveu a opôr-se ao modo, ou se de facto acreditava no estereótipo da mulher. É uma teoria que não aprofundo nesta tese, mas que poderá ser um tema a explorar num outro trabalho.